Este trabalho parte da premissa de
analisar a dualidade graça x natureza que Francis Shaeffer nos propõe em seu
livreto: Morte da Razão. Com base nesse livreto começaremos a expor alguns
pontos importantes da discussão deste dualismo.
Primeiro Shaeffer descarta a tese de Tomás
de Aquino sobre o homem ser autônomo de si mesmo, na concepção tomista a
vontade humana estava caída, mas o seu intelecto não; e dessa tese infundada
segundo Shaeffer, o intelecto do homem se torna autônomo e a partir dai todas
as dificuldades possíveis se difundiram, pois sendo agora o homem autônomo ou
livre podendo assim pensar ser o que quiser o conceito de graça se degrada
colocando o homem no centro do universo, tornando-o ele mesmo um deus de si
próprio, pois não depende de nenhuma outra divindade para prosseguir na vida em
que leva, e pensando ele não ter nenhum ponto de partida da existência humana,
concordando em seu pensamento que o homem sub-existe por si só.
Shaeffer também nos leva a uma
discussão sobre as artes, musica, literatura e etc... Pois sendo o homem agora
autônomo, vive somente em um mundo de experiências empíricas uma finalidade
total, ou seja, vive uma extrema loucura, portanto pode expor aquilo que sua
mente lhe trás sem nenhum receio de que exista alguém que o vigia universalmente.
Pois a partir dai o homem morreu assim como Deus, o que resta é somente o homem
como uma peça de qualquer máquina neste mundo, existindo assim em uma vida sem
significado.
A proposta de Shaeffer é como fazer
com que a fé cristã tenha sentido no mundo de hoje, o que ele nos trás como
solução é usar o racional como solução de um mundo não racional que para ele é
o único meio de escape para humanidade, pois se partimos de uma ideia humanista
de que o homem surgiu por ele mesmo, teria então de ser o homem, infinito, pois
se o homem é quem se cria, não poderia ele ter um fim.
Mas o autor nos mostra que a melhor
escolha a seguir neste dualismo seria a descrição da escritura Bíblica, pois o
relato Bíblico destaca que o homem foi criado a imagem e semelhança de um
Deus-pessoal infinito que levara aqueles que são dele a um lugar infinito, essa
seria a melhor escolha a seguir, partindo de uma linha racional.
“Quando a Renascença chegou ao seu
clímax, a natureza havia devorado a graça”.
Nesse ponto quando a autonomia tinha
chegado ao extremo, ninguém mais se importava com a graça, pois o que estava em
evidência era a autonomia do pensamento humano sobre todas as coisas inclusive
sobre sua própria existência.
“A Reforma aceitou a noção
bíblica de uma queda total, absoluta. O homem em sua totalidade era obra de
Deus; agora, porém, é decaído em toda sua natureza, inclusive o intelecto e a
vontade. Em contraste com a posição tomista, admitia que somente Deus é
autônomo”. (pag. 8).
Para o pensamento reformista a finalidade
só era possível pela verdade das escrituras, ou seja, a única fonte em que se
residia a verdade era a bíblia para o pensamento reformista Deus era o único
ser autônomo, pois não depende de ninguém para lhe orientar sobre onde deve
guiar seus pensamentos ou atos, ou seja, Deus é um Deus-infinito sobre ele
foram criadas todas as coisas inclusive o homem.
A reforma também propôs que Deus falou
acerca do dualismo que Shaeffer propõe em seu discurso, falou tanto de sua
uniformidade e soberania no andar de cima, como também do cosmos e do homem que
residem no andar de baixo.
A posição da ciência moderna era de
que no andar de baixo, ou seja, na natureza do homem, não existia uma situação
autônoma justamente porque Deus
propiciou conhecimento ao homem tanto de si mesmo, como da história e do
universo, assim se originou a ciência que tratava somente de assuntos do mundo
natural, onde os homens residem, por esse motivo nutriam a mesma perspectiva da
reforma seguindo a tese de que só Deus é autônomo por não depender de ninguém.
O autor também nos orienta a respeito
do salto, dizendo que o homem está morto, pois depende somente da mecânica
(atual física) e da matemática, por esse motivo o homem não tem significado nem
sentido somente há um enorme pessimismo em relação ao homem como homem, mas no
andar superior há um salto com base na fé, que leva o homem a se sentir
otimista com relação ao seu fim, pois esse salto não racional o leva a ter uma
esperança quanto ao fim de todas as coisas inclusive do seu.
“O homem volta a encontrar suas
respostas no andar superior, mediante ao salto para longe da racionalidade e da
razão”. (pag. 25).
O que essa sitação nos propõe é que
com base na racionalidade jamais conseguiremos entender o andar de cima, ou
seja, a Graça, pois não se trata de algo racional mas sim de experiência com
base em um salto para longe do racional.
“A liberdade que era
buscada era uma liberdade absoluta, sem limitações. Não existe Deus, nem mesmo
um universal, a limitá-lo de sorte que o individuo procura expressar-se com
total liberdade e, todavia, ao mesmo tempo, sente a condenação de ser absorvido
na maquina. Esta é a tensão do homem moderno” (pag. 27).
Esta é uma posição da arte como salto
no andar superior, o artista busca uma liberdade absoluta, e com isso tenta
demonstrar essa liberdade através de seu trabalho, na tela, na musica, no
teatro e assim por diante, mas sem ao menos saber esse artista demonstra a
natureza de Deus, apesar de não acreditar nessa hipótese, ele acaba por definir
em seu trabalho como o ser criado a imagem e semelhança de Deus, é tão
maravilhoso e dotado de inteligência tal, que por si só não poderia adquirir se
não houvesse uma força extrema que governasse as leis do universo.
Segundo o autor nos expõe os teólogos
da nova teologia liberal, sustem que tanto o homem como Deus está morto, pois
não há significância em crer em um Deus no qual não conhecemos que além de tudo
está situado em um lugar superior ao dos homens.
Esse é o sistema da teologia atual
segundo o autor nos mostra, para ele esse problema se reluz da
teologia-filosófica de Tomás de Aquino que provém base para que sejam
formuladas tais teologias sem fundamentações com base no conceito de autonomia
da teologia tomista.
“O andar superior, como já vimos, pode
assumir muitas formas, algumas religiosas, outras seculares, algumas sujas e
outras limpas” (pag.36).
Aqui vemos que o andar superior não
tem a mínima relevância, pois como o homem não se preocupa em provar a verdade
e nem as falsidades para ele o melhor é seguir sua vontade e deixar com todas
as coisas funcionem por si só, nem mesmo o nome de Jesus que é um nome tanto
teológico como histórico, pois faz parte da história, faz a mínima diferença.
Chegamos à conclusão de que se o homem
apesar de caído em sua insuficiência de reconhecer a Deus como criador de todas
as coisas, também faz parte da criação como um todo. Vemos que por si só o
homem é impossibilitado de se reconhecer e muito menos de conhecer a Deus, pois
isso somente se baseia através de uma experiência com o sagrado, ou seja, não
vem da racionalidade humana, pois essa por si só é limitada, somente alcança
aonde o próprio criador a permite chegar.
A razão no contexto divinizado da
lugar a experiência, por esse motivo a denominação: A Morte da Razão.
Bibliografia.
Shaeffer,
Francis. Morte da Razão, São Paulo: Aliança Bíblica Universitária do Brasil, 1974.
Parabéns meu amigo, vejo o quanto tens sido desafiado pela cosmovisão calvinista! De fato todo o indivíduo deveria ser desafiado a pensar os valores que damos as coisas, inclusive a nossa própria razão, tornando-a soberana e senhora de nossos destinos, quando na verdade é escrava, que por natureza é submetida a todo o complexo "ser-humano"!! É muito interessante essa discussão, parabéns mais uma vez!!
ResponderExcluirMuito Grato Alê, estou sempre se espelhando em quem conhece, graças a Deus estou cercado de feras no assuntos, Alexandre, Teles, Bitun entre outros.
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