quarta-feira, 27 de junho de 2012

RESENHA DO LIVRO: MORTE DA RAZÃO, Francis Shaeffer.


Este trabalho parte da premissa de analisar a dualidade graça x natureza que Francis Shaeffer nos propõe em seu livreto: Morte da Razão. Com base nesse livreto começaremos a expor alguns pontos importantes da discussão deste dualismo.

Primeiro Shaeffer descarta a tese de Tomás de Aquino sobre o homem ser autônomo de si mesmo, na concepção tomista a vontade humana estava caída, mas o seu intelecto não; e dessa tese infundada segundo Shaeffer, o intelecto do homem se torna autônomo e a partir dai todas as dificuldades possíveis se difundiram, pois sendo agora o homem autônomo ou livre podendo assim pensar ser o que quiser o conceito de graça se degrada colocando o homem no centro do universo, tornando-o ele mesmo um deus de si próprio, pois não depende de nenhuma outra divindade para prosseguir na vida em que leva, e pensando ele não ter nenhum ponto de partida da existência humana, concordando em seu pensamento que o homem sub-existe por si só.

Shaeffer também nos leva a uma discussão sobre as artes, musica, literatura e etc... Pois sendo o homem agora autônomo, vive somente em um mundo de experiências empíricas uma finalidade total, ou seja, vive uma extrema loucura, portanto pode expor aquilo que sua mente lhe trás sem nenhum receio de que exista alguém que o vigia universalmente. Pois a partir dai o homem morreu assim como Deus, o que resta é somente o homem como uma peça de qualquer máquina neste mundo, existindo assim em uma vida sem significado.

A proposta de Shaeffer é como fazer com que a fé cristã tenha sentido no mundo de hoje, o que ele nos trás como solução é usar o racional como solução de um mundo não racional que para ele é o único meio de escape para humanidade, pois se partimos de uma ideia humanista de que o homem surgiu por ele mesmo, teria então de ser o homem, infinito, pois se o homem é quem se cria, não poderia ele ter um fim.

Mas o autor nos mostra que a melhor escolha a seguir neste dualismo seria a descrição da escritura Bíblica, pois o relato Bíblico destaca que o homem foi criado a imagem e semelhança de um Deus-pessoal infinito que levara aqueles que são dele a um lugar infinito, essa seria a melhor escolha a seguir, partindo de uma linha racional.

“Quando a Renascença chegou ao seu clímax, a natureza havia devorado a graça”.

Nesse ponto quando a autonomia tinha chegado ao extremo, ninguém mais se importava com a graça, pois o que estava em evidência era a autonomia do pensamento humano sobre todas as coisas inclusive sobre sua própria existência.

“A Reforma aceitou a noção bíblica de uma queda total, absoluta. O homem em sua totalidade era obra de Deus; agora, porém, é decaído em toda sua natureza, inclusive o intelecto e a vontade. Em contraste com a posição tomista, admitia que somente Deus é autônomo”. (pag. 8).



Para o pensamento reformista a finalidade só era possível pela verdade das escrituras, ou seja, a única fonte em que se residia a verdade era a bíblia para o pensamento reformista Deus era o único ser autônomo, pois não depende de ninguém para lhe orientar sobre onde deve guiar seus pensamentos ou atos, ou seja, Deus é um Deus-infinito sobre ele foram criadas todas as coisas inclusive o homem.

A reforma também propôs que Deus falou acerca do dualismo que Shaeffer propõe em seu discurso, falou tanto de sua uniformidade e soberania no andar de cima, como também do cosmos e do homem que residem no andar de baixo.

A posição da ciência moderna era de que no andar de baixo, ou seja, na natureza do homem, não existia uma situação autônoma justamente porque Deus  propiciou conhecimento ao homem tanto de si mesmo, como da história e do universo, assim se originou a ciência que tratava somente de assuntos do mundo natural, onde os homens residem, por esse motivo nutriam a mesma perspectiva da reforma seguindo a tese de que só Deus é autônomo por não depender de ninguém.

O autor também nos orienta a respeito do salto, dizendo que o homem está morto, pois depende somente da mecânica (atual física) e da matemática, por esse motivo o homem não tem significado nem sentido somente há um enorme pessimismo em relação ao homem como homem, mas no andar superior há um salto com base na fé, que leva o homem a se sentir otimista com relação ao seu fim, pois esse salto não racional o leva a ter uma esperança quanto ao fim de todas as coisas inclusive do seu.

“O homem volta a encontrar suas respostas no andar superior, mediante ao salto para longe da racionalidade e da razão”. (pag. 25).

O que essa sitação nos propõe é que com base na racionalidade jamais conseguiremos entender o andar de cima, ou seja, a Graça, pois não se trata de algo racional mas sim de experiência com base em um salto para longe do racional.

“A liberdade que era buscada era uma liberdade absoluta, sem limitações. Não existe Deus, nem mesmo um universal, a limitá-lo de sorte que o individuo procura expressar-se com total liberdade e, todavia, ao mesmo tempo, sente a condenação de ser absorvido na maquina. Esta é a tensão do homem moderno” (pag. 27).

Esta é uma posição da arte como salto no andar superior, o artista busca uma liberdade absoluta, e com isso tenta demonstrar essa liberdade através de seu trabalho, na tela, na musica, no teatro e assim por diante, mas sem ao menos saber esse artista demonstra a natureza de Deus, apesar de não acreditar nessa hipótese, ele acaba por definir em seu trabalho como o ser criado a imagem e semelhança de Deus, é tão maravilhoso e dotado de inteligência tal, que por si só não poderia adquirir se não houvesse uma força extrema que governasse as leis do universo.

Segundo o autor nos expõe os teólogos da nova teologia liberal, sustem que tanto o homem como Deus está morto, pois não há significância em crer em um Deus no qual não conhecemos que além de tudo está situado em um lugar superior ao dos homens.

Esse é o sistema da teologia atual segundo o autor nos mostra, para ele esse problema se reluz da teologia-filosófica de Tomás de Aquino que provém base para que sejam formuladas tais teologias sem fundamentações com base no conceito de autonomia da teologia tomista.

“O andar superior, como já vimos, pode assumir muitas formas, algumas religiosas, outras seculares, algumas sujas e outras limpas” (pag.36).

Aqui vemos que o andar superior não tem a mínima relevância, pois como o homem não se preocupa em provar a verdade e nem as falsidades para ele o melhor é seguir sua vontade e deixar com todas as coisas funcionem por si só, nem mesmo o nome de Jesus que é um nome tanto teológico como histórico, pois faz parte da história, faz a mínima diferença.

Chegamos à conclusão de que se o homem apesar de caído em sua insuficiência de reconhecer a Deus como criador de todas as coisas, também faz parte da criação como um todo. Vemos que por si só o homem é impossibilitado de se reconhecer e muito menos de conhecer a Deus, pois isso somente se baseia através de uma experiência com o sagrado, ou seja, não vem da racionalidade humana, pois essa por si só é limitada, somente alcança aonde o próprio criador a permite chegar.

A razão no contexto divinizado da lugar a experiência, por esse motivo a denominação: A Morte da Razão.


Bibliografia.



Shaeffer, Francis. Morte da Razão, São Paulo: Aliança Bíblica Universitária do Brasil, 1974.

2 comentários:

  1. Parabéns meu amigo, vejo o quanto tens sido desafiado pela cosmovisão calvinista! De fato todo o indivíduo deveria ser desafiado a pensar os valores que damos as coisas, inclusive a nossa própria razão, tornando-a soberana e senhora de nossos destinos, quando na verdade é escrava, que por natureza é submetida a todo o complexo "ser-humano"!! É muito interessante essa discussão, parabéns mais uma vez!!

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  2. Muito Grato Alê, estou sempre se espelhando em quem conhece, graças a Deus estou cercado de feras no assuntos, Alexandre, Teles, Bitun entre outros.

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